quarta-feira, 29 de outubro de 2008

Minha TPA


Sem ti
O meu mundo seria mais escuro
O João continuaria teleburro
O meu menino não estaria animado
E como eu, ninguém estaria informado

Sem ti
Não teria lembranças do Finalmente Domingo
O Bom dia Angola e 10/12 não pintariam
Nem mesmo o meu Telejornal sempre a horas
As horas não seriam Quentes e com Flashes
A cultura nacional não teria um Arco-íris
A música não teria Revista ou Nível

Sem ti
As Conversas no Quintal não seriam convergentes
O povo não saberia do futuro emergente
O Lev´Arte não estaria aqui presente
O País não conheceria o seu Presidente

Oh, Sem ti!
33 não seriam anos de liberdade
O Mundo estaria mais distante
A arte, a dança, a escrita, a música
Não pintariam o quadro com criatividade

O meu coração não bateria mais rápido
Quando os palancas marcam golo
As cadeiras não falariam nos smashes

O passado seria enterrado à seco
O nosso andebol não chegaria à todos
Os Ecos e Factos não seriam factos
Os grandes projectos da nação seriam invisíveis

Oh, minha TPA!
Minha luz, minha imaginação tornada realidade
Meu musongue tomado sem vaidade

Oh, minha TPA!
Leva ao Mundo, Angola
Leva a Arte de Angola
O grito de Nzinga Mbande aos 4 ventos do Mundo
Leva como Lev´Arte a paixão de um povo
Humanizando cada um de nós

Oh, minha TPA!
Informa o Mundo

Luanda 18/10/2008 * Casa 142 – 09:59 a.m. * Kardo Bestilo.
Declamado por Milton Clandestino e Tony Capuete na TPA

quarta-feira, 15 de outubro de 2008

Socorro


O aumento da produção de viaturas tem baixado o seu custo a nível mundial, mas o preço de uma viatura em Angola ainda continua acima da média, apesar dos preços altos o número de viaturas nas estradas continua a crescer todos os dias. O Porto de Luanda continua a receber navios carregados de viaturas novas e também em segunda e terceira mão.

Conduzir em Luanda nos anos oitenta era divertido a qualquer hora do dia (excluindo a hora do recolher obrigatório). Hoje tirando os feriados, domingos e fora de horas (já não há recolher obrigatório) podemos considerar conduzir um acto de tortura emocional e social. O Luandense precisa acordar cada vez mais cedo para chegar ao trabalho, escola ou tratar de apenas um assunto pessoal.

Saísse de casa quase escuro e regressa depois do sol tombar. O relacionamento familiar é quase inexistente como refere o Poema a Morte da Família. A maior parte de nós já não almoça em casa com a família, mesmo trabalhando a seis kilómetros de casa.

Chegasse ao local de trabalho estafado. Atravessa-se uma batalha entre carros, camiões, motas, piões e comportamentos inadequados, ah! ia me esquecendo dos queridos buracos e lixo. Como consequência a produtividade laboral é afectada, o nível de stress cresce sem dificuldades, os acidentes quintuplicam, quase todo o carro tem pelo menos um risquinho do carro de um vizinho qualquer de estrada e na sua maioria azul ou branco.

As passadeiras para os humanos não são respeitadas, o dar caminho ou compreender a necessidade de um compatriota é motivo de guerra de palavras e buzinas. Acidentes desnecessários acontecem, a educação do Angolano morre. Os pobres policias de trânsito não conseguem gerir a indisciplina que gera os estúpidos engarrafamentos.

Em algumas novas vias expressas já não se sente tanto o dilema, mas nós temos hoje cenários de seis faixas no sentido inverso, e a novas estradas têm um máximo de 3 faixas oficiais. Portanto precisamos de nos reeducar senão não teremos hipóteses mesmo com as novas estradas em construção ou com uma política de matriculas impar e par à circularem em dias alternados. Podemos mesmo dizer que estamos a viver numa selva de cimento.

Este quadro vai afectar a nossa saúde social, os relacionamentos afectuosos, a taxa de natalidade, a produtividade nacional, o número de ataques cardíacos, a poluição, o cumprimento de horários, a qualidade de vida, entre outras coisas. E a mudança não depende apenas do governo ela deve começar em cada um de nós.

Luanda 15/10/2008