quarta-feira, 28 de dezembro de 2016

Last Christmas e a Freedom de George Michael


É incrível como a nossa vida é marcada pela cultura, pela arte, e neste caso especifico pela música.
Ao ler no dia 26 a triste notícia da partida prematura de Georgios Kyriacos Panayiotou "George Michael" acendeu em minhas memórias de infância uma música que mais associo aos anos do Sítio da Bela Vista, Afonsoeiro e Montijo que ficava a cerca de uma hora de barco do coração de Lisboa.

Era também uma altura que ainda pouco tínhamos saboreado da vida, mas tínhamos o essencial para a felicidade a união familiar, os amigos, a oportunidade e segurança de andar e correr pelas ruas sem colocar as nossas pequenas vidas em risco e sem conhecer os iPads da vida, mas já sentávamos nas escadas para os jogos de alguma outra forma da Atari e outros mais. Portanto é obvio que está no ADN humano o apetite por tecnologia e ficar grudados a qualquer forma de jogo digital. 





A Música de George Michael teve a capacidade de marcar as nossas outras vidas depois dessa fase por mais trinta e dois anos, e apesar dele assim como o rei do povo Michael Jackson terem partido a qualidade das suas vozes e entrega incondicional à música marcam indiscutivelmente os últimos trinta e seis anos dos ouvidos globais, e transformaram a forma de cantar e dançar por todo o mundo, a música no poder destes homens também foi usada para ajudar pessoas e famílias menos favorecidas em várias partes do globo, romperam barreiras da guerra fria e do capitalismo vs comunismo, juntaram raças e convicções diferentes. Portanto podemos resumir que pela/através da música eles (apesar/assim como todos nós temos os pontos de falha) justificaram a sua contribuição para a humanidade, e as suas obras/arte vão viver para sempre e irão continuar a influenciar gerações futuras pela positiva e para novos paradigmas.

É verdade que também tínhamos a música de Steve Wonder "I Just Call To Say, I Love You", que ficou varias semanas também no top 100, e todos os miúdos da altura que lá viviam sabiam cantar quer esta como a música de George Michael "Last Christmas".

Mas a confirmação da família de Michael pela imprensa veio abalar o mundo que quis como todos os apreciadores de um bom Fazedor acreditar que não fosse verdade:

“É com grande pesar que confirmamos que nosso filho, irmão e amigo amado, George, faleceu serenamente em sua casa durante o Natal”

Com Andrew Ridgeley em 1981, George Michael criaram a banda de muito sucesso no curto período que tiveram juntos que o mundo conheceu como os Wham! com a produção de três discos nos seus cinco anos de vida e com músicas já imortalizadas nos nossos ouvidos e culturas como o caso de "Wake Me Up Before You Go Go" e a estrondosa "Last Christmas", e no seu percurso a solo músicas como "Faith", "Freedom", "Don't Let The Sun Go Down On Me", "Jesus To A Child", "Playing For Time"

"It took me 38 years to realize my dream of performing at Palais Garnier Opera House in Paris" George Michael in his live album Symphonica.

Por isso não desistas dos teus sonhos, e nunca deixes de caminhar em direcção dos mesmos como fazem os grandes, mesmo quando levam 40 anos para os materializar. E para colocar mesmo um ponto de descanso hoje devo recordar que a grandeza de George Michael estava no coração e generosidade como apoiava as diversas causas e lutas pela igualdade e equilíbrio, resumindo "Quem Não Vive Para Servir, Não Serve Para Viver" e ele no meio de sua tempestade serviu certamente para viver e viveu. 

Video Clip: "Wham! - Last Christmas"


quarta-feira, 7 de dezembro de 2016

Posfácio do Livro ControVerso

Posfácio

Desde a sua apresentação pública no dia 31 de Janeiro de 2007, o Controverso guarda um valor memorável por ser o marco que serviu de trampolim do movimento jovem interessado em fazer literatura e que se destacou na segunda metade da década passada. Este livro impulsionou estratégias e acrescentou valores à visão de uma geração preocupada com a literatura e com os movimentos literários embrionários, volvidos cinco anos depois da guerra civil.

O Controverso foi o princípio de um desafio através do qual temos a honra de nos orgulhar sempre que fazemos uma retrospectiva do Movimento Lev’Arte, e de outros movimentos afins que surgiram, no curso destes seis anos de actuação no mosaico cultural angolano. Um símbolo de dedicação e de interesse pelo bem comum, pelo património literário recente catapultado por uma juventude sem tréguas. A génese do axioma fazemos acontecer.

A capitalização de recursos que ajudaram a financiar a primeira edição desta obra, tornou-se expediente de um modelo actuante e novo no âmbito editorial. Centenas de cópias de exemplares do Controverso foram vendidas no ano de 2006, muito antes da existência física do livro e quando não estavam ainda traçadas as linhas gerais do que seria a finalização do livro em termos tipográficos. O mérito desta proeza, antes de recair sobre o autor do livro, Kardo Bestilo, recai sobre os familiares, amigos e pessoas próximas que depositaram confiança num projecto cultural que se quis ambicioso e benéfico, sem fins lucrativos. 

O livro também ajudou a romper tabus e preconceitos que sempre se opuseram entre escritores da nova e da velha geração. Muitos destes preconceitos residem no critério segundo o qual os novos escritores pertencem a uma escola onde a literatura produzida obedece pouco rigor literário. Um tipo de juízo que consideramos frágil e isento de fundamentação teórica, no âmbito do que escreveu o Prof. Carlos Reis, catedrático da Universidade de Coimbra e especialista em Literatura Portuguesa dos séculos XIX e XX no seu livro O Conhecimento da Literatura.

Num futuro próximo, este livro vai fazer lembrar a força de uma época e de um movimento destemido à procura de liberdade artística, e ansioso nas construções de novas correntes estéticas. Será assim, à semelhança da avalanche que deu lugar à Semana da Arte Moderna no Brasil do Presidente Washington Luís em 1922, quando se reclamava a renovação de linguagem na liberdade criadora, da ruptura com o passado e a transição da vanguarda para o modernismo estético.

O Controverso de Kardo Bestilo é a mascote desta alvorada cultural e símbolo de uma vanguarda que surge com vigor inovador e renovador. Um livro de poemas aberto e versos vibrantes. Um retrato social, uma fotografia de comportamentos como frisam os versos do poema A Tua Vida é Minha, onde o Ministro faz gala do que é por pagar as contas da sua concubina. Um livro cheio de vida e de histórias que nos são comuns e sempre apelando em nós reminiscências de um passado glorioso.


João Papelo

Ensaísta


Luanda, 14 de Maio de 2012