sexta-feira, 20 de fevereiro de 2009

Nós e o Lixo

Kussi Bernardo

O desenvolvimento das populações tem trazido muitas alegrias e contribuído para o descoberta de soluções para as enfermidades que a humanidade enfrentou ao longo dos séculos. A manutenção deste bem estar para a humanidade, carros e melhor qualidade de vida trouxe entre outros aspectos positivos o aumento da população e tempo de vida do ser humano. Mas como tudo na vida acarreta o seu preço, nós começamos já apagar o preço do desenvolvimento.

Há cada vez mais Resíduos sólidos (lixo) ao nosso redor, a média de produção mundial estimada em quase 1,5kg/dia para cada cidadão do mundo, apesar da média europeia (zona euro) estar hoje estimada abaixo de 1,24kg por dia. Nos últimos dezasseis anos Angola não escapou ao crescimento incontornável do Lixo, que como a população nasce e cresce, mas o lixo tem mostrado dificuldades sérias em morrer. Como resposta há este conhecido fenómeno da vida secular do lixo, vários países no mundo têm optado pela implementação de sistemas de reciclagem do lixo.

O problema é que ainda não foi adoptada uma política de reciclagem no nosso país, nem muito menos praticamos de forma individual expressiva a reciclagem consciente.

Não temos disponível e nem há a vista estudos para se perceber o processo de produção do lixo, que quantidade de facto é produzida em todo o país não é sabida. A capital devido a guerra que assolou o país durante três décadas, acabou se transformando no maior pólo de concentração populacional de Angola, com cerca de cinco milhões de habitantes hoje, Luanda concentra cerca de um terço da população nacional. Também é aqui onde se produz a maior parte do lixo de todo país.

Hoje o ciclo de vida do lixo é muito incerto, de um modo geral uma parte do lixo é recolhida dos contentores e lixeiras residenciais, transportado para as lixeiras centrais ou aterros e queimado ou aterrado. Mas o sistema de recolha não consegue atender a demanda, pode-se dizer que temos uma capacidade de produção dez vezes superior a das empresas de tratamento de lixo todas juntas. O que nos diz tudo isto é que, é preciso haver o envolvimento de todos para poder-se reduzir o lixo e diminuir o impacto da actividade humana na natureza.

Há muita coisa que podemos fazer desde as mais simples a custo quase zero até as mais complexas que necessitam de investimentos avultados. Alguns exemplos:


A compostagem em nossas casas, separando restos de alimentos, folhas e papel e enterrando;


Usar guardanapos de pano ao invés de papel;


Entregar as roupas velhas (depois de lavadas e engomadas) à instituições de caridade;


Usar sacos de pano no lugar dos de plástico;


Separar garrafas e latas para re-uso (reciclagem utilitária ou oferecer a quem pode utilizar);


Imprimir apenas o necessário e imprimir sempre dos dois lados da folha;


Pensar na utilidade antes de comprar uma coisa nova;


Implementar a tecnologia alemã de transformação do lixo em energia em uso já em países como o Brasil e a Polónia;


Colocar nas zonas urbanas e rurais contentores para lixo diferenciado para fins de reciclagem.

A implementação da tecnologia alemã de transformação do lixo para além de contribuir para a conservação do ambiente, também gera empregos directos e indirectos.

Apesar de serem apontadas aqui algumas soluções, é preciso não esquecer que toda e qualquer acção ou soluções dependem de nós. Por isso precisamos de mudar os nossos hábitos, reeducarmo-nos ambientalmente, criar políticas de protecção do ambiente e tratamento do lixo e assegurar o seu cumprimento.

O tratamento do lixo deve ser visto como um dever cívico e de sobrevivência. Se continuarmos a caminhar ao ritmo actual vamos deixar heranças incontornáveis para os nossos bisnetos e desenvolver doenças hoje não conhecidas. Não podemos continuar a espera de uma solução precisamos mesmo é de ser a solução. A natureza e a humanidade precisam de ti, de mim e de todo um.

quinta-feira, 12 de fevereiro de 2009

Às Vezes Queremos Ser Desorganizados


Um Acordar Para Não Calar
Kussi Bernardo


Talvez o título queira ser mais exigente do que o que eu trago hoje para a mesa da escrita. Na realidade tudo o que quero dizer termina com uma simples frase “nunca mais escrevi”. Não sei se é por opção ou por falta de disciplina, mas de facto no meu mundo nós às vezes queremos ser desorganizados por motivos mil e quinhentos.

A organização implica estratégia, reflexão, analise entre outras linhas que não vou aqui pintar. Como consequência do processo organização acabamos por ganhar consciência das coisas ou como dizem los outros “maturidade”.

Maturidade nos meandros da má gestão pode significar a morte intelectual ou a frustração humana, uma vez que a morte física já não é uma comodidade na minha cidade pelo menos, mas não deixa de ser um acordar para não calar.

Ontem conheci o Madeira, um jovem de 60 – 70 anos de idade mais ou menos, apesar dos seus cabelos brancos e pele corada de tanto sol da vida, mostrou-me que está determinado em não deixar de ser jovem e, continuar a questionar e a lutar pelos seus direitos e as coisas certas numa sociedade.

Antes do dia antes de ontem descobri, como se usa-se um cobertor ou coisa assim (hihihi), que agora também carrego um fio de cabelo branco entre os muitos que ainda são pretos e com brilho.

Mas a estúpida verdade é que para ser organizado cá entre nós significa ainda pensar em... será que vai faltar luz, onde é que posso comprar uma cisterna de água limpa a bom preço, ficar quatro horas na fila para encher o depósito de combustível do carro, cair num buraco para falar um..., ser pedreiro, arquitecto, porteiro e ainda engenheiro e, não ter uma casa digna à venda dentro do meu dinheiro, fazer além do nosso limite como escravos ao pôr-do-sol para receber um satisfatório como elogio ou classificação de um...

...bem é melhor ser desorganizado e não pensar em nada disto e apenas beber a minha cuca até fundir a cuca para poder chegar a velhice.

Mas infelizmente a minha avô não me educou assim! Ela sempre disse “tens que ser sempre o melhor naquilo que decidires fazer, se fores pedreiro seja o melhor, se fores advogado seja o melhor, se fores apanhador de lixo seja o melhor, porque os melhores sempre brilham” Nina Faria.

E para piorar ainda mais a coisa a minha consciência e Kardo ensinaram-me que devemos fazer do bem fazer uma cultura. “Temos que ter a cultura de fazer e bem as coisas, senão um dia quando temos uma oportunidade melhor não teremos a cultura de fazer e, por mais que nos paguem melhor não vamos necessariamente fazer melhor” Kussi Bernardo Management (KBM).

Isto é mesmo controverso, talvez tenha sido por isso que escolhi um título assim “ControVerso”, por ser a forma de dizer tudo em uma palavra sem dizer quase nada será?!!

Seja como for, a minha forma mental precisa de férias, mas de qualquer forma bem-vinda(o) ao meu ano de 2009 e, desculpa-me por querer ser também desorganizado e seguir a onda do silêncio.

“O que é bom deve ser partilhado” KB