quarta-feira, 24 de dezembro de 2008

Porque é Que os Técnicos em Angola Não Escrevem




Mil e quinhentas vezes oiço a mesma conversa, sinto o velho que por vezes parece inveja, “Já está a fazer um Poema”, mas a verdade é que engenharia não é feita de chave de fenda e trabalho de bombeiro e nem funções de rotina (trabalhos que não precisam de criatividade/inteligência, mas sim hábitos ou cultura diária).

Na minha visão o engenheiro tem a missão de transformar as coisas difíceis em fácil, de formas que um dia um bebé ou recém chegado possa usar. Senão o Windows continuaria a ser o 3.11 ou pior o MS-DOS seria ainda hoje a norma. Quem iria um dia pensar em XP ou mesmo Vista, que até o meu filho de dois anos já faz das suas.

Apesar de a minha memória por vezes trazer histórias antigas..., mas quase todos nós nos lembramos que ainda a oito (8) anos em Angola falava-se com orgulho em curso de informática de 3 meses, e como consequência gerava emprego. Quando na verdade já num artigo perdido pela internet, eu dizia que não saber operar um computador no ano de 1999 é como ser analfabeto em 1979.

Voltando aos técnicos com salários de engenheiro e que não escrevem, como se define um sistema? Não é uma caixa com entrada, processamento e saída?. Para mim é!!, e a única forma de podermos melhorar qualquer sistema é estudando todos os seus passos (entradas, processamento e saídas) de formas a identificarmos o que está a falhar ou a correr mal, melhor ainda onde é que reside a falha, logo, estamos a falar de melhoria continua, que é nada mais nada menos do que a razão de ser da humanidade, a busca por melhoria, conforto, união e felicidade.

Quando os técnicos que se prezam não escrevem, nem descrevem o trabalho realizado (eu sou forçado a classificá-los como Artistas, Curiosos, Feiticeiro ou Sortudos). Que falhas encontraram, soluções dadas, tudo porque tem medo de parecer Poetas ou Transferir o conhecimento, então nenhum sistema pode de facto evoluir. Vamos continuar a procura do caminho para a lua porque quem lá chegou não descreveu a rota, nem o que usou para lá chegar.

Por isso se te consideras um profissional tens que transmitir o teu conhecimento e partilha-lo pelo dialogo e escrita, que por vezes parece difícil mas é apenas uma questão de começar. Porque quem não escreve não é um profissional metódico em busca da melhoria continua para sua empresa, sociedade e Humanidade.

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Kussi Bernardo
10/09/08 – 12:30 p.m.

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