sexta-feira, 22 de outubro de 2010

Basta viver para Morrer

Uma coisa é verdade, falta-nos qualidade de vida e vivemos muito rápido para as nossas capacidades humanas em Angola e em particular em Luanda.

Apesar de todos sabermos disto nada fazemos para travar esta louca corrida em direcção a cova precipitada. Dormimos abaixo das cinco horas diariamente em média, não há como não apanhar engradiamento (já é pior que o engarrafamento) para quem se desloca em Luanda, até os Poetas já escrevem sobre o tema com muita frequência.

Precisamos de começar a plantar mais árvores, fazer exercícios físicos, agendar actividades de lazer e com a família, rir de alegrias e não apenas de tritezas ou azar do outro.

Mas não é fácil, eu escrevo aqui como se fosse um exemplo de strees free, quando na realidade todos os dias não consigo terminar o dia e nem começar o dia sem stress e, tudo porque a mais de um ano e meio a Administração do Sambizanga resolveu roubar o asfalto da minha rua, é a única conclusão a que posso chegar.
Eu aceito e confesso que toda esta lenga lenga é apenas para gritar para o mundo porque roubaram o asfalto da minha rua lá no Bairro São Paulo/Luanda. O engraçado é que o administrador mora na rua atrás da minha e está asfaltada para poder acelerar sem sujar ou cair num buraco com o seu tubarãozinho que é pago com o meu IRT (Imposto de Rendimento do Trabalho) e eu que até o meu carro não tem nome e nem foi feito para andar no rio ou mar ando com o carro como se fosse uma canoa ou um nadador que ainda um dia se afoga de tanto não saber nadar.

Como tudo começou...
Ouvia-se dizer que estavam a asfaltar a ponta da rua, fecharam inclusive e foram removendo o tapete antigo, mas eram apenas 150 metros de uma rua de cerca de 900 metros, de repente começaram a remover a velocidade do dia todo o tapete da estrada que até era mais velho que eu quase mas que comparando com os mais novos que o meu cachorro Caneta (4.5 anos) ainda estava em muita boa condição com excepção de dois pontos críticos que realmente precisavam de ajuda (obras). A verdade é que foram tirando e fechando a rua a partir das 20horas e trabalhando todos os dias (melhor noites) para remover o tapete, "...apesar de não haver nenhuma placa com tempo de projecto e maquete e orçamento da obra..." as maquinas tinham um etiqueta da Empresa de Construção Anteros... Um dia destes depois de removerem o meu belo asfalto que já datava do tempo "colonial português" as maquinas ficaram encostadas junto ao Cine São Paulo durante uns dias, as pedras que limitavam o acesso a rua foram desaparecendo, o burgal que serveria possivelmente para uma das camadas do tapete sumiu, as maquinas da empresa ANTEROS e os camiões da empresa ANTEROS foram saindo uma a uma e, um ano e meio depois nós os moradores da Rua do Quicombo herdamos um RIO SECO.

E para dar mais ritmo ao que eu quase rebento por dentro abriu a Igreja Mundial que não para de causar poluição sonora e bloquear as entradas dos moradores e finalmente Luanda resolveu começar a encher o meu querido rio seco dia sim, dia não por que São Pedro começou a abrir as torneiras.

Mas será que querem nos matar ou nós mesmo é queremos já morrer?
Basta viver em LUANDA para Morrer?

Até a próxima chuva!!!

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